Desacelerou o carro num amontoado de ruas ali perto
passadas as três primeiras horas da manha.
O sinal estava fechado e a noite muda ia tecer
paulatinamente o anuncio do entardecer.


Piscava calado o sinal de pedestres
pois já não fazia-se mais bons sinais
Presenciavam a cena as ruas, os sinais e
seu rosto penso apenas.

Do banco de traz podia-se ver faróis brilhando
a frente pequenas lanternas vermelhas entrando
em alguma rua transitória ao canto.

Veio a sensação introvertida
de não pertencer mais aquele mundo
não compreenderia o que acabara de lhe ocorrer
perdeu-se largo em pensamentos sem se conter.

Pasmou-se apenas, e nada mais, enquanto os
quarenta segundos do sinal rodavam para traz.
as lembranças frescas atordoavam a compreensão
e no rádio falava-se em laranjeiras de emoção;

Ele não entendera o que acontecia
como se numa manha de sol
viesse a lua,
e a maça cheirando
melancia.

Sentiu-se menino outra vez
com uma carteira de homem Cortez
desejou inconscientemente um pai para dirigir
e abraçá-lo confortavelmente enquanto as
incompreensões da vida não davam espaço para rir.

Ele não sabia mais onde era seu mundo,
já não era capaz de entender seu jeito moribundo.

Ali, na rua lateral o sinal avermelhava-se
e para sua surpresa o de pedestres comunicava-se,
para sorte de alguns bêbados que aguardando
com segurança na calçada abraçavam-se.

O sinal entoou verde,
e lamentando o ocorrido, sem lhe ocorrer
claramente o que a pouco lhe ocorreu, partiu.

Com sensação de ter
deixado para traz
tudo, porém nada.!

Á que se pensar, mas.

Talvez não deva pensar
nestas coisas,
pensar faz encontrar
e encontrar faz perder
Descobrir um novo eu,
e não saber qual eu sou eu.
Sentimentos aflorados vão e vem,
sentado no banco remoendo conversas,
acontecimentos!
Não saber lidar com isso.
Não precisar lidar e apenas ter medo
de não precisar lidar,
antecipando a vida que vivia.
É preciso contar-me,
Mas não há quem entenda a disposição
na prateleira.,
pra além são palavras confusas,
perdidas, sem tempo sem ordem.,
É provável que me conte tanto
que correria o risco de não contar
absolutamente nada.,
Aqueles dias foram confusos,
ainda são,
talvez tudo não passe
de tédio mesmo como
sempre desconfiei,
ou então era amor, ou então é amor?
coisas profundas, intensas.,
Os dias contarão.
Enquanto isso adiando o inevitável,
não interfiro, não te procuro
terei que me contar hora ou outra
Avizinha-se algo, e o temo.

Me fazer tão mal quanto sair ao vento após o banho,
não saber qual porta leva a rua.
Toda porta aberta encontrá-la.
Sentar ao sol enquanto as pessoas
Passam apressadas.
lembrar de outras vezes em que
foi desperdiçado o tempo com futilidades sentimentais,
não que os sentimentos não sejam valorosos.
Somente não gostar de perder tempo, porque se perde.
E sem a menor preocupação de deixar pistas e explicações,
duvidar das próprias certezas.

Precisar de certos parâmetros, certezas.
Perder e enlouquecer num mundo louco,
Duvidar disso também. Perder-se em pensamentos,
não ser o ser que habita, habitar-se a sensações estranhas, confusas.
Passar horas escrevendo,
Sem meio, inicio ou fim.
Jogar palavras no vento, recheá-las de confusão,

não querer pensar, não querer contar,
desejar a calmaria, querer o esquecimento,
imaginar que não é mentira.
Ser cinco e doze da tarde,
repensar a necessidade
da companhia dos amigos,
do quarto, dos livros

do aquecedor e dos pensamentos.
Sair no vento, após o banho,
esquentar-se nas cobertas,
sentir a falta
daquelas pernas.

Silêncio!
Porque esta frio...
letras patéticas e melodias suaves
se encaixam em mim.
A xícara de café fumegando,
sobre a mesa, aquecendo o ambiente
sentimentos adiados, conversas adiadas.
São dias ocos em que não ocupo tanto espaço.

“eu lhe contei: não me beijes!
não me toques um só instante.
matar-me-á a dor de perder-te.
morrer-se-ia meu sol, as cores.
que faço agora das rosas?
que faço do cinza?”
E ainda a falta das madrugadas frias
agarrados nos carro.
Disputando letras e melodias.
Piadas insanas e sem graça
ridas estupidamente durante os dias.
falando do tudo e do nada.
Parar o carro em frente ao bar,
não descer nem pra olhar.
O cheiro de guardado, os toques.
O cheiro de cigarro, os toques.
despentear os meus cabelos
tirar os teus da minha boca
As manhas escondidas e momentos de silêncio
a noite do outro lado da janela.
no carro, na cama, a espera.
o tempo parar onde nos encaixávamos.
o tempo não parar, ficar vasio o banco de passageiro
bater o sol de manha. a mão acostumada procurar,
não ter mais a madrugada, piada, cabelos, cheiros.
ficar vasio o banco de passageiro
guardar a lembrança, e não passar mais
em frente ao bar.

Como se num dia de sol viesse chuva.
e chuva intrometendo-se no dia.
Tornando o sol chuva, e a chuva sol.
Chovia sol, e ensobradava-se chuva.
Choveu, choveu, num dia de sol.
Um dia de sol com chuva.
Ainda assim sentia-se que perdia-se algo
Em dias cinzentos acolchoados de luz,
Surgia ao longe ponta de arco-íris e a certeza de que
Um dia destes o sol vem de uma vez.

Ando por ai espalhando
que sofro de amor,
lamentando a falta de companheira.
Mais tendo a desconfiar
que tudo não passa de tédio.
"não, nenhum de nós
que empenham-se á prosa,
sabe direito do que esta falando,
mais quem se importa?"
Será verdade que acabamos
hora ou outra esquecendo e
amando outra vez?
E que, iludir-se do contrario
deixa a vida assim, perigosa,
divertida, manhosa?
"Um dia de luta, um dia de sangue, antes do sol nascer novamente"
"observando os grandes poetas,
sucedeu-me que,
alguns deles são tão pequenos."

A menor pista descartada,
da lembrança desta sombra
guardo o tempo nesta estrada
enquanto encanta lentamente a
desencantada!
Palmilhando no silêncio mais profano
encaminha-se a carta dolorosa
do encontro, por entre panos do adeus
roga o amor, o mais profano.
Ele até pensava em escrever poesias grandes. Mas quando via, já tinha dito tudo que tinha nas primeiras linhas, o resto seria putrefação...
os meus poetas amaram como eu e de outra forma não diferente do que fui, sou eu e eu sou eles

i,
desta vez serei eu

quem será esquecido,
e talvez,

ninguém tome

conhecimento do acontecimento.

Risadas, gargalhadas, estão em todo lugar, tristeza e felicidade, a linha entre a loucura e o bem estar, o modelo bobo da ilusão.
Escrevo porque preciso
Porque faz sol, ou porque chove
Escrevo porque tenho vontade
E lá fora os bebes nascem
Escrevo. Porque não escrever?

O nosso amor agente inventa
Inventa como o vento amor
E depois que agente tenta
Fica simples, entenda...
Loucos castiços, vividos, enfermos, empoeirados
Sabão para baratas é veneno, quase se mata.
Loucura, na mata é querer vida larga.
morte de pobre não da pra contar.
Suprir a necessidade de necessitar.
E entender, que fechar os olhos,
é quase o mesmo que matar.
"Sou romântico com a vida. As mulheres apenas fazem parte dela."
Me acolho, em seus colos, solidão dos meus olhos.
Me refaço com doutrinas, acanhado em minhas sinas.
A minha história é sem sentido, mas.
É que depois que agente se encontrou,
as grandes teorias do amor, perderam seu sentindo,
e assim que as coisas mudaram com o tempo,
você tornou-se tudo que me faltava.


Vagarosamente, entre tombos e saltos
Escrevi minhas linhas tortas, de baixos e altos.
Vagarosamente, sem perceber.
Aceitei, o que já era sem jeito, e
insuspeito planejava me ter.
Tudo é retórico, bom e ruim. Medo e paz, dor e cócegas. Uma confusão capaz de enlouquecer os loucos que ainda prezam por um mundo, por um outro mundo.
"Enquanto meu corpo frágil aguarda,
as vésperas do amanha esperado.
Andam pelas linha tortas da vida as respostas insistentes.
Diante da presença do anoitecer, e da enorme lua reluzente.
Longe de um abismo natural cheirando a mar e vento.
Na beira de meu patrimônio hostil, cantado nas prosas antigas.
Ressoando ao fundo a modernidade dos instrumentos preferidos.
Na memória: apenas o dia passado, a lembrança do teu abraço.
A lembrança do cheiro, e da vontade de ficar um pouco mais.
Assim; contínua, as vésperas de um amanha melhor.
Acompanhado por mil pensamentos, mil objetos.
Pelo desejo ardente manifesto, das idéia mais comuns.
Os pensamentos mais secretos. Na arte que ressoa apenas
o silencio de minha mente. E o coral ao fundo, regendo as notas
que inspiram o teclar dos dedos.
Melodia muda de lembranças passadas.
juntando a felicidade de outrora,
e a tristeza de agora."

o que posso além de conviver,
com o mistério e a vontade gritante,
esperar que no fim se faça o sentido,
esperar estar certo o ato infame,
deixar partir, meu doce encanto.
meu amor, meu recanto.

então de repente,
depois de tanto tempo,
algo misterioso nos confirma,
e já é tarde demais, não para o coração,
mais para as ideologias e rumos da vida,
da alma e da morte.










Ser assim, como as nuves são,
sem nenhuma convenção, regra!
Ser assim, nada mais!